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Untitled 2004-Apr-08
by crispassinato on April 8, 2004
Cris Passinato
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SEGUNDO CADERNO/Música: Maria Rita


Anos atrás, nas poucas vezes em que Maria Rita Mariano aparecia na mídia — geralmente ao lado dos irmãos, Pedro Mariano e João Marcello Bôscoli — era para dizer que ela não seria cantora de jeito nenhum, que o fato de ser filha de Elis Regina e César Camargo Mariano não a obrigava a tentar uma carreira musical. A maioria das pessoas, sobretudo as mais jovens, sequer sabia da existência de uma filha de Elis.

Qual não foi a surpresa do público ligado em música quando a tal Maria Rita apareceu em shows do jovem (e bom) compositor Chico Pinheiro, primeiro só em São Paulo e depois em casas cariocas como o Mistura Fina, cantando com uma desenvoltura de gente grande? Logo estabeleceu-se uma central de fofocas e opiniões: ela era parecida com a mãe, fisicamente ou na voz? Gravaria um disco? Incluiria sucessos de Elis no eventual CD?

Pois Maria Rita soube resistir admiravelmente à pressão, como, aliás, havia feito durante toda sua vida: assinou com a gravadora que quis (a WEA, quando se pensava que iria pela Trama, comandada por João Marcello), gravou o disco que desejava — enquanto participava do excelente “Pietá”, disco e show históricos de Milton Nascimento — sem apelação, e foi recompensada: shows lotados por onde passou (a demanda foi tanta que mal conseguiu sair do Rio e São Paulo) e quase 600 mil CDs vendidos, um feito para um disco de estréia e uma façanha sensacional em um mercado achatado pela crise econômica e pela pirataria. De quebra, revelou o hermano Marcelo Camelo, já consagrado com o rock dos Hermanos, a uma posição de respeito também na MPB. De autoria do roqueiro, gravou as inéditas “Cara valente” e “Santa chuva”, além de “Veja bem meu bem”, que já estava em “Bloco do eu sozinho”, segundo CD do grupo carioca.

— Foi um ano surpreendente — admite Maria Rita, que pegou o público de calças curtas mais uma vez ao anunciar sua gravidez, em novembro, do namorado Vinícius Baldino, diretor de seu DVD. — Não imaginava nada próximo de todo esse sucesso. Quando a Warner me disse que ia prensar 60 mil discos, falei: vocês estão loucos? Não pensei que fosse vender tanto, e sim que tudo seria aos poucos, que meu sucesso viria com os anos.

Tranqüila, ela não se sente uma unanimidade, mas acha que está fazendo seu trabalho corretamente:

— Criaram um circo em torno do meu nome. Mas acho que estou provando que não sou uma mentira. Uma gravadora não investiria nada, nesta crise, em algo que não merecesse.

Ela garante, no entanto, que não sente a responsabilidade que costuma acompanhar o sucesso:

— Fico feliz, mas sei que não posso agradar a todos. Ainda tem gente que pensa que sou um produto de marketing, mas sei que boa parte do público me respeita.

Em 2004, depois do show de hoje na Praia de Copacabana, Maria Rita canta no Brasil e no exterior enquanto o bebê deixar, possivelmente até lá pelo meio do ano.

— Depois paro um pouco e logo retorno — anuncia. — Ele vai comigo aonde eu for.
http://oglobo.globo.com/especiais/fazdiferenca/132908994.asp
crispassinato - Apr 08, 2004

Essa foto é histórica e ELA um tesouro que devemos guardar do lado esquerdo do peito.
Cida Cabanas - Apr 08, 2004

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