Untitled 2006-Mar-30
Orestes Barbosa (1893 - 1966)
Chão de Estrelas, 1937
Minha vida era um palco iluminado.
Eu vivia vestido de dourado
— Palhaço das perdidas ilusões.
Cheio dos guizos falsos da Alegria,
Andei cantando a minha Fantasia
Entre as palmas febris dos corações...
Meu barracão no morro do Salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro
— Foste a sonoridade que acabou...
E, hoje, quando do Sol a Claridade
Forra meu barracão, sinto saudade
Da mulher — pomba-rola que voou...
Nossas roupas comuns dependuradas
Na corda, qual bandeiras agitadas,
Pareciam um estranho festival:
Festas dos nossos trapos coloridos,
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre Feriado Nacional!
A porta do barraco era sem trinco.
Mas a Lua, furando o nosso zinco,
Salpicava de estrelas nosso chão...
Tu pisavas os astros, distraída,
Sem saber que a ventura desta vida
É a Cabrocha, o Luar e o Violão...
Poema integrante da série Sambas e Canções.
Chão de Estrelas, 1937
Minha vida era um palco iluminado.
Eu vivia vestido de dourado
— Palhaço das perdidas ilusões.
Cheio dos guizos falsos da Alegria,
Andei cantando a minha Fantasia
Entre as palmas febris dos corações...
Meu barracão no morro do Salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro
— Foste a sonoridade que acabou...
E, hoje, quando do Sol a Claridade
Forra meu barracão, sinto saudade
Da mulher — pomba-rola que voou...
Nossas roupas comuns dependuradas
Na corda, qual bandeiras agitadas,
Pareciam um estranho festival:
Festas dos nossos trapos coloridos,
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre Feriado Nacional!
A porta do barraco era sem trinco.
Mas a Lua, furando o nosso zinco,
Salpicava de estrelas nosso chão...
Tu pisavas os astros, distraída,
Sem saber que a ventura desta vida
É a Cabrocha, o Luar e o Violão...
Poema integrante da série Sambas e Canções.
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